5 de mar. de 2011

A carreira de Nalva Fátima Aguiar

UM POUCO DA SUA HISTÓRIANalva Aguiar nasceu em 1945, na pequena cidade de Tupaciguara, no Triângulo Mineiro. Ainda criança, descobriu a música. Na adolescência já se apresentava na rádio local. Com pouco mais de 20 anos, Nalva queria mais e partiu em busca de outros palcos em São Paulo. "Eu sempre fiz tudo o que eu quis. Se eu tinha vontade de sair, eu saía. Se não tinha, não saía. Eu sempre fui muito dona do meu nariz. Atendia o meu pai. Ele me chamava e falava: ‘venha cá’ e eu falava: “opa, o velho me chamou’. Aí ele falava um monte pra mim", conta.

A obstinação colocou Nalva Aguiar no topo das paradas de sucessos. "Eu sinto saudades do tempo da Jovem Guarda. Dos meus amigos, das nossas viagens, mas eu acho que tudo tem um tempo certo... tudo. Fase... Eu gosto do momento".

No apartamento modesto, muitas lembranças dos tempos da Jovem Guarda. Pôsteres, fotos e quadros só confirmam a fama de moça bonita, dona de um corpo perfeito. Sensação entre os rapazes.

Na lista de conquistas de Nalva Aguiar, muitos nomes famosos. "O Leão do Palmeiras, namorei sim, as pernas mais bonitas que eu já vi. Namorei o Roberto Carlos. Por que não? Foi ótimo, ele é maravilhoso. Ele é incrivelmente maravilhoso".

Do rei, Nalva guarda um álbum completo. Tem até ele bebê. Dedicatórias também não faltam. Ela vê outra foto do Roberto com dedicatória que diz: ‘Nalva, um beijo com barulhinho do Splish Splash’. "Porque ele cantava ‘Splish Splash foi o beijo que eu dei’... A Jovem Guarda foi um sonho".

DO SONHO AO PESADELO"O momento mais difícil da minha vida foi quando eu fiquei grávida do meu filho mais velho. Eu era muito jovem. Tinha um futuro pela frente e, então, apareci grávida e ninguém mais queria saber de mim. Uma mãe solteira, uma moça nova de barriga. Me mandaram embora da gravadora, me mandaram embora dos programas de rádio e TV. Ninguém queria saber", diz Nalva.

O primeiro tombo ela superou ao lado da família. "Depois disso eu me casei com o Itamar e tive o meu filho do meio, o Sammy. E aí eu fui contratada de novo. Voltei com tudo. Depois meu casamento não deu certo e eu tive outra queda e fiquei desorientada".

POR QUE SUMIU? – "Eu não sumi, dei um tempo quando fiquei grávida da minha filha Débora. Me afastei e resolvi criar boi, galinha e filhos (risos). Eu até gravei uma música que fala isso: ‘vou aprender criar galinha pra viver", explica.

ALTOS E BAIXOS A instabilidade emocional da cantora se refletiu na carreira e na vida. Nalva se viu às voltas com um vício que a afastava ainda mais da música e dos fãs. "Tive problemas com álcool. Foi sério demais e eu me toquei e falei: ‘Eu vou estragar minha carreira, minha vida a troco de banana. Vou dar um jeito em mim mesma’. Aí eu dei um jeito em mim e acabou. Passou..."

Foi uma época difícil e Nalva não esquece do apoio dos amigos. Sérgio Reis me ajudou muito. De todas as formas que você pode imaginar. Materialmente e especialmente financeiramente. Tudo. Sérgio Reis, Sérgio Reis, Sérgio Reis... Viva o Sérgio Reis. Ele é um pai pra mim. O coração dele é maior do que ele".

Verinha também é cantora e uma testemunha da fase ruim da amiga. "Ela carregou a família, amigos, uma vida inteira nas costas. Tem de saber ouvir, não falar nada e nessa hora, ela não teve ninguém. Eu já viajei muito por esse Brasil afora, mas conhecer uma pessoa forte guerreira como a Nalva, muito difícil, mas ela superou. Ela é guerreira", conta Vera.

A VOLTA POR CIMA"Eu voltei porque eu quis. Na realidade eu estava triste com o meio artístico". A desilusão com a fama não foi suficiente para fazer Nalva desistir.

Nalva tem o pai como ídolo. Ele compôs a música "Beijinho Doce". O alfaiate que também tocava violino deixou saudade. "A única coisa que eu gostaria era de ter meu pai de volta. Meu maior amigo, me faz muita falta".

Quarenta anos separam o passado de sucesso do presente de anonimato. Hoje, Nalva Aguiar não chora, mas ainda canta. Gravou um CD recentemente. Retomar a carreira é um sonho. Agora, com os pés no chão, tudo o que ela quer é tranquilidade. "Estão fazendo um asilo de artistas como tem no Rio. É pra lá que eu vou. Ficar junto com os artistas no domingo fazer um churrasquinho. Tomar uma cervejinha junto com os velhinhos. Cada um pega o seu violão, pandeiro, sua sanfona e nós fazemos um forró lá. Isso que eu quero. Eu não quero ficar com mágoa, com tristeza. Nada disso não. Eu quero ser uma velha cheia de vida. E ainda cantar muito... Eu não quero chorar, quero sorrir sempre...", completa.

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