No mês de
outubro, fãs relembram com saudade o autor de "Rio de Lágrimas",
música que fez com que Piracicaba e seu rio ficassem conhecidos em todo o
Brasil
"O rio
de Piracicaba/Vai jogar água pra fora/Quando chegar a água/Dos olhos de alguém
que chora..." (Tião Carreiro e Piraci)
Tião
Carreiro (1934-1993) foi um homem reservado e que não gostava de televisão. Sua
viola vibrante e o acento caipira de seu linguajar queriam mesmo era o calor do
público. Uma atitude sincera de que não estava nem aí para dinheiro. Sua paixão
era mesmo a música, que compunha quieto, tendo como companheira apenas uma
garrafa de café, preparada pela mulher, sua outra inspiração. Foi com essa
simplicidade que o mineiro de Montes Claros, que nasceu José Dias Nunes e
morreu em 15 de outubro de 1993, de complicações da diabetes, eternizou a
música raiz e tornou Piracicaba conhecida com "Rio de Lágrimas", um
de seus maiores sucessos.
O violeiro
mais importante da história da música caipira, que fez dupla com Pardinho,
gravou mais de 80 discos e foi até estrela de cinema –– participou do filme
"Sertão em Festa"(1970), ao lado de Francisco do Franco ––tem
incontáveis amigos e admiradores de seu trabalho. Foi justamente por eles e
para preservar a memória do violeiro que sua família resolveu alavancar vários
projetos, como a criação de um site, que já está no ar ––
www.tiaocarreiro.com.br––, a produção de uma biografia e o desenvolvimento de um
museu itinerante do cantor e compositor, que contará a história de sua vida e
arte, e deverá chegar a Piracicaba.
Além disso,
a gravadora Warner lançará projeto relembrando seus discos de 78 RPM, um deles
gravado em 1961, com as músicas "Urutu Cruzeiro" e "Boiadeiro
Punho de Aço"."O site foi nosso primeiro objetivo para chegar até os
fãs. Já para o livro estamos na fase de colher depoimentos de pessoas que
conheceram o Tião Carreiro para montá-lo o mais breve possível", revela
Alex Marli Dias, única filha do violeiro.
Se Carreiro
chegou ao topo do reconhecimento enquanto disseminador da música raiz, isso
também se deve à força da mulher, Nair Avanço Dias, hoje com 69 anos. Ambos
tiveram uma vida de sacrifícios desde quando saíram de Araçatuba, interior do Estado,
onde o ídolo iniciou carreira, em 53.
"A
época mais marcante foi quando viemos do interior e ele gravou o disco de 78
RPM. Passamos muitos sacrifícios, mas tinha certeza que ele iria vencer. Tinha
fibra e queria mais. Tião é uma bandeira na música raiz", revela a mulher,
sua fonte de inspiração em músicas como "Minha Esposa Vale Ouro" e
"Velho Amor".
Por
Piracicaba, onde ganhou título de Cidadão Piracicabano e emprestou nome a um de
seus mais famosos cartões postais, a passarela pênsil sobre o rio que ele
cantou, o violeiro nutria uma grande paixão. Tanto que além da música "Rio
de Lágrimas" (Tião Carreiro e Piraci), perpetuou outro sucesso, "Sou
Piracicabano", outra dobradinha sua com Piraci. "O Tião tinha muitos
amigos em Piracicaba, como Craveiro e Cravinho, o (violeiro) Santo Pavanelli e
o Paulinho (da dupla César e Paulinho)."
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